Memórias da água por Getúlio Teixeira
Memórias da água – do inestimável colaborador deste sítio, Getúlio Teixeira
Diz Getúlio que é preciso diferenciar os botes que vinha com água de Barreiras e Diogo Lopes. A CCN, Companhia Comércio e Navegação possuía duas propriedades em Barreiras de onde retirava a água. Numa das propriedades foi construído um sistema de cacimbões interligados que desaguam numa cisterna de 90 mil litros. Daí era canalizado até o meio do braço de mar numa distancia de 100 metros, onde os barcos apanhavam a água, tudo por gravidade. O sistema de cacimbões construído na década de 40 funciona até hoje com perfeição diz Claudio Guerra que adquiriu a propriedade em 1983. A água captada das dunas é de boa qualidade.
Nessa região de extensas dunas existe um tipo de solo argiloso que impede a passagem da água e então esta acumula-se no campo dunar. Os cacimbões tem de 4 a 6 metros de profundidade. A lancha Soledade, da CCN é que fazia esse transporte da água de Barreiras para Macau suprindo a empresa e seus funcionários.
A empresa Henrique Lage também possuía uma área na região de onde tirava água. É a área onde hoje está o Rancho da Petrobras.
A prefeitura de Macau tinha um sistema de lanchas que traziam água de Barreiras e Diogo Lopes. A lancha da prefeitura era a Fé na Providência e trazia água do lugar chamado Ponta de Pedra que fica entre Barreiras e Diogo Lopes.
Além destes, existiam os botes de água de particulares que também buscavam água em Barreiras e Diogo Lopes. O povo analisava a água pelo coloração e quanto mais “azul” julgavam de melhor qualidade. Seu Modesto era um dos macauenses que possuía sistema de transporte de água e tinha uma rampa no rio onde desembarcava a água. De qualquer maneira eram sistemas precários, sem hora nem dia para chegar, dependendo da maré e ventos.
O problema da água foi um problema secular em Macau só resolvido em 1982 com a construção do serviço de água encanada graças ao Projeto Alcanorte que previa o saneamento da cidade.
Da equipe do baú de Macau.